O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.

Naum 1:3

INTRODUÇÃO


   Parece existir no meio das pessoas que declaram crer em Deus, uma tendência de vê-Lo como um Ser cheio de amor e bondade, o que obviamente é verdade. Mas, muitas vezes há uma espécie de negação de uma realidade exposta em várias porções das Escrituras, a saber, a ira Divina, a justa retribuição do Senhor àqueles que insistem em manter-se mergulhados numa vida de iniquidades e violência opressora, sem se dobrarem, mesmo depois de avisados de forma recorrente sobre as consequências de suas atitudes.
   Ainda que não seja adequado que alguém se relacione com o Pai tendo o medo por base, não se pode negligenciar esta verdade. A questão é que este fato está claramente revelado sobre o caráter de Deus. Ele é zeloso e retribuirá a cada um segundo as suas obras (Romanos 2:6), assim como também trará consolo aos que vivem oprimidos debaixo de longos e pesados jugos.

   É este o tema presente no livro do profeta Naum. Uma obra de imensa riqueza literária, que com beleza poética
descreve o caráter de Deus e expõe Sua sentença sobre uma cidade. Esta representava, naquela ocasião, toda a atitude opressora de um império violento e impiedoso que dentre tantos povos, impunha sua força cruel sobre Judá, bem como há uma descrição da consolação que viria com a ação divina.


O PROFETA


   Naum, cujo nome significa consolo, foi um profeta oriundo do vilarejo de Elcós (daí a designação elcosita), do qual não se sabe localização exata, mas com possibilidade de ter sido na região de Judeia62. O significado de seu nome, num primeiro momento parece ser contraditório, já que sua profecia remete ao anúncio de uma punição, mas se justifica pela consolação que viria ao povo oprimido. Está entre aqueles que profetizaram no período pré-exílico, ou seja, antes da deportação do povo de Deus para a Babilônia. Seu ministério pode ser posto entre 663 – 612 a. C, abrangendo o reinado dos reis Manassés, Amom e Josias. As palavras de seu livro expressam uma sentença do Senhor a respeito do império assírio, particularmente sua capital Nínive, e ao mesmo tempo uma consolação para Judá que estava entre aqueles que eram oprimidos pela Assíria.
   Nínive é conhecida por ter sido aquela cidade para onde o profeta Jonas fora enviado mais ou menos 150 anos antes dos acontecimentos descritos por Naum. Naquele período houve arrependimento e quebrantamento de todo aquele povo com respeito às suas ações cruéis e sanguinárias (Jonas 3:6-10). Porém, com o passar dos anos a cidade recaiu, voltando às velhas práticas e enchendo o cálice da ira divina. Naum é então o homem responsável por proferir a sentença que Deus decidira aplicar sobre aquele povo por sua impiedade, soberba e impenitência, fato que contém preciosas lições para a vida daqueles que desejam agradar ao Senhor e permanecer nos Seus caminhos.
   O arrependimento outrora visto na cidade de Nínive, quando da profecia de Jonas, havia se perdido nas 
gerações seguintes. Os assírios eram conhecidos pelo seu comportamento extremamente violento e brutal contra seus inimigos. Não se contentavam em apenas subjugá-los, mas faziam questão de infringirem as piores humilhações por meio de torturas as mais diversas em relação às quais, não cabe aqui uma descrição mais detalhada tamanhas eram as atrocidades cometidas. Por isso mesmo o próprio profeta Jonas resistiu muito em levar a mensagem de Deus a este povo, pois sabia das terríveis maldades cometidas por seus exércitos e não desejava vê-los arrependidos, mas castigados.
   Foi sob este mesmo império que o reino do norte (Israel), sucumbiu no ano 722 a.C. Nos dias de Naum, Judá também era uma das nações vítimas de peso da opressão assíria que atingia a um imenso número de povos conforme escrito no final do livro de Naum,
“Pois quem não foi vítima da sua crueldade sem fim” (Naum 3:19b). Vem então a Palavra do Senhor ao profeta que traz a dura e justa sentença. Nínive, assim como todo o império assírio seriam destruídos.

 

    Naum é então o homem responsável por proferir a sentença que Deus decidira aplicar sobre aquele povo por sua
impiedade, soberba e impenitência.

 

O CONTEXTO


   A profecia de Naum ocorre num contexto de domínio assírio, império implacável, como já exposto e que veio a receber esta sentença nos dias em que Manassés reinava sobre Judá. Por informações do próprio livro, conclui-se que isto se deu depois da destruição de Tebas (668 a.C.), conforme registrado por Naum, quando pergunta a Nínive se por acaso ela seria melhor que a cidade egípcia que, mesmo com tanta força e aliados veio a decair (Na 3:8).
   Eram tempos difíceis, pois este Manassés foi um dos piores reis de Judá, fazendo coisas abomináveis diante do Senhor, chegando ao ponto de oferecer seu próprio filho em sacrifício queimado a falsos deuses (2Re 21:1-7). Suas ações são descritas por Jeremias como sendo a razão pela qual o povo de Judá seria envergonhado e visto como objeto de espanto diante de todos os reinos da terra (Jeremias 15:4) referindose ao posterior exílio Babilônico.

   Nesse contexto ecoa a voz do Senhor através deste elcosita sobre quem pouco se sabe, mas que demonstra a ousadia dos profetas, em anunciar todo o conselho de Deus. Neste caso a dor viria sobre a nação perversa representada pela figura de Nínive, sua cidade principal. Assim, haveria consequente consolo para Judá, não por seus méritos, mas pelas mãos graciosas do soberano Deus.

 

   Ecoa a voz do Senhor através deste elcosita sobre quem pouco se sabe, mas que demonstra a ousadia dos profetas, em anunciar todo o conselho de Deus.

 

A MENSAGEM


    O texto começa apresentando uma característica de Deus que é pouco observada, mas que precisa ser considerada, a saber: Sua ira. Conforme dito por Paulo aos romanos sobre a bondade e a severidade de Deus (Romanos 11:22). Os primeiros versos usam as palavras zeloso e vingador, seguidas de “cheio de ira”. Há passagens bíblicas como em Gênesis 15:16b, que dão a entender sobre a existência de uma medida de iniquidade, capaz de encher o cálice da ira de Deus, como que indicando um nível tão extremo de maldade humana que só cresce e não encontra lugar algum de arrependimento. Portanto, chega a um ponto em que a ira divina transborda sobre aqueles que insistem em seus atos malignos. Observese também em 1 Tessalonicenses 2:16 e Mateus 23:31-32 indicações deste mesmo assunto pela pena de Paulo e pela Palavra de Cristo.
   É importante verificar também que o Senhor é tardio em irar-se, é longânimo, porém, não inocenta o culpado que,
endurecido, ignora todas as portas de redenção oferecidas e insiste em viver suas iniquidades dia após dia.
   Naum escreve com muito simbolismo e poesia de extrema qualidade e contundência. Descreve o poder, a majestade e a autoridade de Deus sobre o universo, apresentando a Nínive, com quem estará prestando contas em algum tempo. Ao mesmo tempo, destaca-se a bondade de Deus para com os que n’Ele se refugiam, que tem n’Ele uma fortaleza no dia da angústia, neste ponto referindo-se a Judá, que seria consolada.
   No verso 11, é revelado então claramente o alvo da profecia, e da ira de Deus: Nínive. Que é avisada acerca do 
fato de que não fará diferença o seu poderio militar e suas estratégias de defesa, diante da ação soberana do Deus que vem para retribuir-lhes por seus atos e tirar o jugo de sobre Judá. Embora, aqui cabe destacar que o rigor de Deus também se estabelece sobre seu povo, fato que ainda ocorrerá quase um século depois quando seriam exilados no império babilônico.
   Como a Palavra do Senhor é fiel e verdadeira, veio a se cumprir o que foi dito por Naum no ano 612 a.C., quando
Nínive caiu inclusive com a ocorrência da inundação citada no capítulo 1, vs.8. A destruição da cidade ocorreu em meio a uma cheia do rio Tigre que facilitou o avanço subsequente dos invasores
.

   Há passagens bíblicas como em Gênesis 15:16b, que dão a entender sobre a existência de uma medida de iniquidade, capaz de encher o cálice da ira de Deus, como que indicando um nível tão extremo de maldade humana que só cresce e não encontra lugar algum de arrependimento.

 

NAUM E O EVANGELHO


   No versículo 15 do capítulo primeiro há uma menção sobre os pés dos que anunciam boas novas. Paulo utiliza esta expressão em Romanos 10:15 destacando a beleza destes membros. Assim pode-se fazer uma conexão da mensagem de Naum com a mensagem do Evangelho.
   O Deus soberano em seu infinito amor providenciou um meio de remover o jugo que pesa sobre a humanidade. Sua ira é real, e se levanta em consequência da rebelião que surge com o pecado, mas Sua misericórdia e amor o fizeram prover um Cordeiro para sobre este derramar esta ira, satisfazendo Sua perfeita justiça. Todos os que estão debaixo do sangue docordeiro de Deus têm o jugo do pecado retirado de suas vidas e estão livres da ira divina, visto que esta foi derramada sobre Seu Filho na cruz do calvário.
   É importante saber, que esta ira ainda se manifestará sobre aqueles que insistirem na rebelião contra o Evangelho. O próprio Jesus menciona a realidade da perdição em textos 
como a parábola da grande ceia, a parábola das dez virgens e Mateus 25 quando fala acerca das ovelhas e dos bodes em que são proferidas palavras de alento aos primeiros e de condenação aos últimos. E outras menções por vezes convenientemente esquecidas por quem deseja de algum modo fugir da realidade deste assunto.
   A Igreja deve ocupar este papel, daqueles que anunciam as boas novas. Comunicando que o Senhor deseja salvar todos os homens (1 Timóteo 2:4) por meio da vida, morte e ressurreição de Jesus. Quão belos são para aqueles que ouvem e recebem esta notícia, os pés dos que trazem essa maravilhosa mensagem.
   Para os que já caminham com Cristo é de fundamental importância perceber a necessidade de renovação do arrependimento. Nínive outrora arrependida e quebrantada veio a recair. Os que andam nos caminhos de Cristo devem viver em vigilância acerca de seus próprios atos, a fim de encontrarem lugar de arrependimento diante daqueles tropeços aos quais todos estão sujeitos. Quando isto não acontece, o mal pode progressivamente tomar conta do coração, endurecendo-o e afastando-o cada vez mais do Deus de amor. Portanto, a vida no evangelho deve ser de rendição constante à Palavra do Pai e à Sua vontade. É a mente humana se curvando e dando razão Àquele que é, que era e que há de vir!

 

   Há passagens bíblicas como em Gênesis 15:16b, que dão a entender sobre a existência de uma medida de iniquidade, capaz de encher o cálice da ira de Deus, como que indicando um nível tão extremo de maldade humana que só cresce e não encontra lugar algum de arrependimento.

 

CONCLUSÃO


   Neste estudo aprendemos sobre detalhes do livro do profeta Naum, a sentença sobre Nínive e o zelo de Deus se
manifestando em justa retribuição e sobre a importância de não negligenciar a ira de Deus. Não devemos nos relacionar com Ele pelo medo. Isto nos levou a ver a importância de uma atitude de arrependimento constante em nossa vida a fim de não deixar que o coração se endureça e haja um afastamento da comunhão com o Senhor. Vimos também o caráter 
consolador de Deus com Seu povo, fato que nos lembra da obra Santa e eficaz do Senhor Jesus, nos livrando da opressão do pecado e nos fazendo olhar para o dia da segunda vinda de Cristo (Apocalipse 22:14).


QUESTÕES PARA DISCUSSÃO EM CLASSE 


1.
O que a mensagem do livro de Naum tem a dizer para os dias em que vivemos?
R.


2. Como relacionar a ira e o zelo de Deus com seu infinito e profundo amor?
R.


3. Que diferença há entre a ira do homem e a de Deus?
R.


4. O que significa a ordem bíblica sobre anunciar todo o conselho de Deus?
R.


5. Se nascemos, por natureza filhos da ira, como escapar dessa triste condição?
R. 

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